Em janeiro de 2012, Yair Lapid, figura onipresente na sociedade israelense, anunciou suas intenções de concorrer nas eleições através da formação de um novo partido, que, em suas palavras, seria diferente de todos os partidos políticos existentes. A proposta trazia uma lista de personalidades que jamais haviam estado na Knesset. Surgiu o Yesh Atid (Há Futuro).
Ao fortalecer a ideia de um partido que romperia com as práticas dos atuais partidos israelenses, Lapid estabeleceu objetivos considerados ousados no tocante ao status quo local da relação entre o Estado e a religião, a especial preocupação com a classe média, ou a não convocação de ex-membros da Knesset para compor sua lista.
Yair Lapid recebeu importantes ministérios, como a pasta das Finanças, da Educação e da Saúde. Algumas das reformas propostas chegaram a ser encaminhadas, mas suas diferenças com Netanyahu resultaram na sua precoce demissão, e consequentemente na convocação de novas eleições.
Desde então, Lapid permaneceu na oposição. Formou lista conjunta com o Azul e Branco de Benny Gantz, de quem se separou em 2020. Nas eleições de 2021 e 2022 fez a segunda maior bancada da Knesset, e conseguiu chegar ao cargo de primeiro-ministro (ainda que por somente 5 meses).
Figuras de destaque
Yair Lapid, ex-primeiro-ministro, ministro das Finanças e das Relações Exteriores, é filho de Yossef “Tommy” Lapid, sobrevivente do Holocausto e líder do antigo partido centrista israelense Shinui. Tinha seu próprio programa no horário nobre do principal canal da televisão israelense e sua coluna no jornal de maior circulação do país até optar pela vida política.
Meir Cohen é ex-ministro do Bem Estar Social, foi prefeito de Dimona e membro do executivo da Agência Judaica Para Israel. Orna Barbivay é general da reserva, e foi a primeira mulher a comandar uma unidade não feminina das forças armadas. Recentemente foi derrotada nas eleições à prefeitura de Tel-Aviv.
Como a lista é decidida?
O líder do partido é eleito por uma comissão formada por 723 membros.
Posições do partido
As propostas do partido se encontram no seu site oficial.
Religião e Estado
Propõe uma rediscussão do status-quo, a fim de garantir a liberdade de todos os cidadãos. Para isso visa a instituição do casamento civil, a flexibilização da conversão, liberação de um transporte público restrito e regulamentado no Shabat, permissão para as mulheres rezarem no Muro das Lamentações, criação de cemitérios laicos, presença feminina no rabinato central e oposição à lei que proíbe a abertura de estabelecimentos comerciais no Shabat.
O Yesh Atid também visa a inserção da população ultra-ortodoxa no mercado de trabalho, na universidade e no serviço militar obrigatório, além de instituir a obrigação das escolas ultra-ortodoxas a cumprirem com as determinações do Ministério da Educação e ensinarem as disciplinas básicas.
Política econômica
O Yesh Atid promete trabalhar para aumentar a produtividade e acelerar o crescimento, reduzir as disparidades digitais e salariais entre o centro e a periferia, aumentar a competitividade da economia como ferramenta central para reduzir o custo de vida, expandir a reforma das importações e reduzir tarifas. Além disso, desejam impulsionar a indústria de alta tecnologia, criando neste setor 1 milhão de postos de trabalho.
Política social
O Comitê de luta contra a pobreza em 2014 recomendou uma série de medidas para reduzir a pobreza em Israel, que, segundo o Yesh Atid, não foram levadas até o fim. O partido propõe uma adequação dos benefícios por incapacidade ao salário mínimo, utilização de recursos públicos para a capacitação profissional de famílias de baixa renda, inserção de judeus ultra-ortodoxos e de mulheres árabes no mercado de trabalho, aumento da oferta habitacional com o objetivo de reduzir o déficit habitacional, isenção de impostos a casais jovens para a compra de imóveis, investimento de 10 bilhões de shekels na saúde pública, entre outros.
Territórios e processo de paz
O Yesh Atid removeu de suas propostas a criação de dois Estados, e atualmente se referem somente à segurança de Israel em nível global e regional. Pretendem fortalecer a tecnologia militar de Israel para garantir a superioridade em seguranç frente aos outros países, voltar a ser um ator influente entre os países democráticos liberais. Com respeito à Faixa de Gaza, pretendem adotar a concepção de “economia para a segurança em Gaza”, que permitiria a reabilitação humanitária de Gaza como uma forma de combate ao Hamas.
Educação
O partido diz que bons professores são a chave para um sistema educacional de qualidade. Pretendem aumentar os salários dos professores e melhorar o estatuto da profissão; fazer com que o Ministério da Educação seja responsável por todo o sistema educativo, para todas as crianças, e proporcione a cada criança cuidados holísticos, desde o nascimento até à idade adulta; expandir a educação integral para que o maior número possível de crianças tenha um longo dia de educação; aumentar o orçamento dos movimentos e organizações juvenis, pois jovens valiosos e comprometidos são a receita para o sucesso de uma sociedade exemplar.
Segurança e exército
Pretendem fortalecer o papel de Israel no Oriente Médio, a fim de enfraquecer o projeto iraniano de influência na região e de desenvolvimento de armas nucleares.
Outras posições
O Yesh Atid inseriu ao seu programa o tópico "Luta contra a corrupção", que inclui medidas como proteção aos delatores, formalizar leis que descrevam proibições e crimes de corrupção no setor público, maior transparência do governo com relação ao uso de recursos públicos, aumentar o número de concursos públicos, diminuindo a indicação política, entre outros.
Também prometem aprovar uma Constituição.
Fontes
Site oficial do partido: https://yeshatid.org.il/platforms
Foto de capa: https://www.iaf.org.il/9559-55869-he/IAF.aspx. Autor: Amit Agronov.
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