Originalmente publicado em 14/04/2013
Yom HaZikaron é o dia da lembrança dos soldados mortos em exercício e das vítimas de terrorismo. Desde 1948 estes já são 25.578, dos quais 23.085 são soldados caídos e 2.493 civis. Neste último ano foram adicionados à lista outros 92 soldados e 10 civis. É tarefa árdua para um israelense comum diferenciar um civil de um soldado, já que no país o serviço militar é obrigatório e existe uma reserva ativa que praticamente transforma todos nós em soldados por mais 20 anos após a dispensa.
Confesso que foi difícil para um brasileiro como eu compreender como uma data fabricada pelo Estado é capaz de comover a população de forma tão intensa. Hoje é o dia no qual as pessoas vão aos cemitérios chorar por seus entes queridos que se foram por prestar serviço ao Estado, ou vítimas do ódio entre nós e nossos vizinhos que culmina em atos tão brutais como os ataques a civis inocentes. Yom HaZikaron pode ser uma tradição inventada, mas que em um intervalo curto de tempo, foi capaz de comover a maior parte da população de um país. Os israelenses não podem nem nunca puderam se dar ao luxo de lamentar durante o ano inteiro a perda de um parente ou amigo. Por isso o fazem em um único dia específico no ano, todos juntos, exaltando a memória coletiva e o sentimento de que a perda não foi em vão. Isso, no entanto, sem esquecer que o preço foi caro. Muito caro.
Em 1951 foi decidido que este dia seria a véspera do dia de Independência, para que a tristeza fosse substituída pela alegria e exaltação do sucesso da luta dos que se foram. O calendário acaba se tornando, aos olhos de leigos como eu fui, um tanto quanto estranho. Aos poucos nós passamos a compreender, respeitar e até a sentir a razão de ser. E esta poesia abaixo, escrita há 7 anos, foi a forma que eu encontrei de me manifestar em relação a esta data um ano após retornar ao Brasil, depois de uma experiência de um ano em Israel. Exalta muito mais as lições do dia do que a tristeza que se vê, mas ainda assim eu gostaria de compartilhar com vocês.
Yom HaZikaron - O silêncio que precede o grito
Parar
Parar para pensar,
lembrar para não esquecer.
Recordar, refletir, homenagear.
Yom HaZikaron é isso:
Estes verbos e estas ações.
Yom HaZikaron é luto,
É um toque de sirene que soa.
É um povo sofrido nas ruas,
é um silêncio que ecoa.
Yom HaZikaron é sinagoga,
É cidade, é campo.
São os datim-leumim e o Shalom Achshav,
É Jerusalém, o Neguev, o Golan e Tel-Aviv
Yom HaZikaron é Israel.
É sionismo.
Yom HaZikaron é o silêncio que precede o grito.
A sua razão de existir é pós-independência,
mas o seu momento antecede Yom HaAtzmaut.
Yom HaZikaron é a lembrança e a certeza
de que o povo judeu não vai mais
como ovelhas para um matadouro
como ia há 60 anos atrás.
Yom HaZikaron é uma data,
É um evento, uma reza.
Um ato que representa a resistência.
Yom HaZikaron, todos os anos
dá evidências ao mundo
de que Israel conserva a sua existência.
Yom HaZikaron nos dá a prova
de que agora, judeus podemos ser.
Temos quem lute por nós.
Yom HaZikaron também nos mostra,
uma lição que não podemos esquecer
Lutar pelos outros, amanhã,
será o nosso dever.
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Foto de capa: IDF Spokesperson's Unit / CC BY-SA 3.0
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