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Meretz




Fundado em 1991, o Meretz (Energia, em hebraico) é um partido de esquerda sionista, criado a partir da fusão dos partidos Mapam (sionista socialista), Ratz (pacifista pró-direitos humanos) e o Shinui (de orientação secular). O partido se autodefine como social-democrata, a favor da separação total entre religião e Estado, e tem como prioridade o fim da ocupação nos territórios palestinos de 1967.

O Meretz  já chegou a ocupar 12 assentos na Knesset mas hoje é afetado pelo crescimento da direita israelense, e vê sobretudo no enfraquecimento das negociações por paz o principal motivo para a sua crise. O partido hoje não tem nenhuma cadeira na Knesset.

O Meretz diz levantar três bandeiras, que estão interligadas: pró-acordos de paz, pró-social e pró-democrática. O partido acredita que uma sociedade justa não pode existir dentro de uma economia corrupta e desigual, numa realidade de ocupação e sem uma democracia forte que combata o racismo e a discriminação. Recentemente o partido escalou dois candidatos árabes entre seus cinco primeiros, tentando demonstrar à sociedade árabe-israelense que podem representá-la.


Figuras em destaque

Mossi Raz é economista e ex-presidente do movimento Paz Agora. Foi deputado de forma intermitente em vários momentos, e é um incansável ativista nos campos da paz e do ambientalismo. Michal Rozin é cientista política, doutora em estudos de gênero. Foi parlamentar por 8 anos, e sua principal atuação foi em defesa dos refugiados africanos e dos direitos das mulheres.


Como a lista é decidida?

O Meretz realiza primárias separadas para a liderança do partido e para a formação da lista, com todos os seus filiados. Entre os 10 primeiros deve haver igualdade numérica entre homens e mulheres de forma paritética, a cada dois candidatos da lista.


Posições do partido

O Meretz disponibiliza suas propostas em cinco idiomas diferentes.


Religião e Estado

O Meretz acredita que o legado do judaísmo deve ser uma fonte de inspiração para o Estado, mas isso não significa o predomínio do judaísmo sobre outras culturas e religiões. Deve haver separação entre religião e Estado e o estabelecimento do pluralismo dentro do judaísmo: o Muro das Lamentações deve ser igualitário entre homens e mulheres e todas as correntes do judaísmo devem ser reconhecidas. O partido também pretende acabar com os tribunais religiosos (judaicos e não judaicos), instituir casamento e divórcio civis (e homoafetivos), transporte público no Shabat nas localidades que assim o desejarem, entre outras coisas. O trabalhador deve ter o direito de optar por trabalhar ou não no Shabat. 


Política Econômica

O Meretz propõe uma política econômica justa que se baseie em um estado de bem-estar social, com um setor público fortalecido, reduzindo a desigualdade, elevando impostos sobre o capital e altos rendimentos, reduzindo impostos indiretos e com maior regulação que impedirá a exploração de trabalhadores e mau uso do dinheiro público. Argumenta que um acordo de paz é essencial para o verdadeiro bem-estar dos cidadãos israelenses, para o crescimento sustentável e o pleno potencial econômico de Israel. A redução do orçamento da Defesa e a cessação do investimento nos assentamentos devem ser parte da política socioeconômica de Israel. Propõem uma reforma tributária que elimine o IVA sobre produtos essenciais, e que insira alíquotas progressivas sobre o capital para taxar grandes corporações e fortunas. Se comprometem a lutar contra as privatizações, que concentram capital nas mãos e poucos sem melhorar os serviços públicos.


Política Social

O partido critica a terceirização e a precarização do trabalho, que cresceram muito na última década. Promete criar ferramentas legais para dar direitos sociais aos trabalhadores terceirizados e acabar com este tipo de trabalho em postos públicos. Pretende aprovar uma lei que proíba que o maior salário de uma empresa seja mais do que 15 vezes maior do que o menor da mesma. Promete investir na saúde, e melhorar os números do sistema israelense que ocupa um dos piores lugares no ranking da OECD.


Territórios e Processo de Paz

O Meretz acredita que Israel deveria adotar a iniciativa da Liga Árabe, que propõe uma reconciliação abrangente entre o mundo árabe e Israel, como consequência do estabelecimento de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza com base na Linha Verde, com uma troca territorial acordada de 1:1 entre assentamentos fronteiriços por territórios desocupados próximos à fronteira. Além disso, prevê a divisão da soberania em Jerusalém para a capital de dois Estados - Israel e Palestina -, e uma solução de comum acordo para o problema dos refugiados. 


Educação

Para o Meretz, as privatizações e a doutrinação religiosa criada pelo Ministério da Educação enfraqueceram o sistema educacional em Israel . O partido visa aumentar os salários dos professores, instituir creches a partir dos três meses de idade, acabar as cobranças de mensalidades em escolas públicas, incentivar a educação por valores, cidadania e paz, criar um ensino que abranja a diversidade cultural do país, Além disso, o partido entende que a separação na educação básica por orientação religiosa é prejudicial à convivência de distintas populações, e, por isso, visa criar programas para gerar encontro entre todos os jovens, assim como entre judeus e árabes e expandir a educação bilíngue no país. Pretende também subsidiar os movimentos juvenis.


Segurança e exército

O Meretz acredita que o conceito de segurança não pode se basear apenas na força militar para dissuasão e resposta a ameaças, e sim basear-se em uma visão global dos interesses e objetivos políticos de Israel: a coexistência pacífica e a cooperação com todos os seus vizinhos e o fim do controle sobre os palestinos. A resiliência social e econômica também é um componente essencial do conceito de segurança.


Outras posições

O Meretz possui um projeto para o desenvolvimento dos kibutzim em Israel. Também possui um amplo espaço para políticas de igualdade de gênero, orientação sexual e para direitos a pessoas com necessidades especiais. O partido acredita que a Lei Nacional aprovada em 2018 baseia-se na suposição de que os cidadãos judeus do Estado de Israel não podem exercer seu direito à autodeterminação nacional dentro da estrutura democrática. Esta é uma falsa suposição que prejudica o compromisso democrático do Estado de Israel, e por isso, visa aboli-la e transformar a Declaração de Independência de Israel em uma lei básica.


Fontes


Foto de capa: Own Work (Shay Kandler)


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