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Menos sionismo e antissemitismo, mais crime: a onda de aliá do Brasil



Originalmente publicado em 16/09/2015, no Conexão Israel


No último ano e meio aumentou o número de olim (imigrantes judeus) do maior país da América do Sul. Ao contrário da situação da França, eles não temem serem perseguidos por conta de seu judaísmo.


Tradução livre de João Koatz Miragaya da matéria de Judy Maltz – 31.08.2015, no diário Haaretz (veja o original aqui)


Vitamina de frutas e lojas de sucos encontram-se em Tel-Aviv em abundância, mas possivelmente este seja o único estande da cidade que venda caldo de cana fresco misturado com suco de abacaxi, uma clássica bebida brasileira. Este também é o único lugar onde se produz pão de queijo, servidos quentes, diretamente retirados de um pequeno forno.


Felipe Pontes Mendes, que fez aliá (imigração judaica para Israel) do Brasil no começo da década passada, abriu esta pequena extensão do Rio de Janeiro no sul de Tel-Aviv há poucos meses, e a novidade vem sendo passada de boca em boca. “Brasileiros vêm de Beer-Sheva e Ashdod só para provar meu caldo de cana”, diz.


Em Israel não há muitos imigrantes brasileiros, seu número é estimado em cerca de 12 mil. No entanto, neste último ano e meio, aumentou o número de imigrantes da terra do samba, ao menos em proporção, e alguns brasileiros mais antigos no país, como Pontes Mendes, vêem uma oportunidade nesta nova onda imigração.


Em média, fazem aliá entre 200 e 250 brasileiros todos os anos, porém neste ano seu número deve chegar a 500, segundo Gladys Berezowsky, diretora do Beit Brasil, organização criada recentemente para ajudar na recepção dos brasileiros em Israel.


“Este é o maior número de olim em todos os tempos”, diz Berezowsky. No entanto, de acordo com Michel Abadi, diretor executivo do Beit Brasil, a aliá desta vez é muito distinta de como era no passado. “Nos anos 1960/70 as pessoas vinham por sionismo. A maioria era pertencente a movimentos juvenis sionistas”, diz Abadi. “Mas nos últimos 10 anos temos visto muito mais casais mistos (entre judeus e não judeus) e pessoas que talvez por terem um avô judeu, são considerados aptos a imigrar. Em outras palavras, pessoas cuja ligação com o judaísmo ou Israel é menos densa do que antes”.


O antissemitismo não é uma causa para a aliá do Brasil, contrariamente ao que acontece hoje na França, devido ao fato de que os judeus do Brasil não são perseguidos por conta de seu judaísmo. Entretanto, eles são ameaçados pelo crescimento do crime, que afeta aos judeus desproporcionalmente, devido a sua relativa boa condição financeira no país.


Shay Felber, vice-diretor geral da Agência Judaica, apontou dois fatores como causas do aumento da aliá a Israel: piora da situação econômica e aumento do temor pela segurança pessoal. “O aumento no custo de vida foi enorme, assim como o da criminalidade”, diz. Segundo Felber, uma feira de exposição sobre aliá organizada pela Agência Judaica recentemente em São Paulo atraiu cerca de 500 participantes, e este ano um grupo relativamente grande de ex-alunos de uma escola judaica pediu para fazerem o exame psicométrico (espécie de vestibular israelense) a fim de ingressar nas universidades israelenses. “120 estudantes se inscreveram no exame em português”, disse Felber. “Na minha opinião, isso prova que muitos judeus brasileiros já não se vêem nesse país”.

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Foto de capa: One Work. Utilisateur:Djampa


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