Originalmente publicado em 22/03/2018, no Conexão Israel
Por Marcelo Kisilevsky
A Suprema Corte de Israel e os kibutzim atuam concretamente contra a expulsão dos refugiados africanos.
Boas notícias para os refugiados africanos em Israel. A Suprema Corte Israelense ordenou que fossem cessados os procedimentos de expulsão da maioria dos africanos que residem ilegalmente em Israel para a Ruanda, segundo o acordo de "terceiro país" através do qual este país comprometeria a receber os refugiados de modo seguro. A Suprema Corte ordenou o congelamento do processo até que Ruanda responda sobre pedidos de esclarecimento sobre a maneira que receberia e integraria os refugiados. A expulsão deveria ser iniciada no dia 1° de abril.
Durante este tempo, dezenas de kibutzim e moshavim em Israel anunciaram que receberiam centenas de refugiados nestas condições, "como uma mostra de que “sim, é possível”, segundo disse um membro de um kibutz ao Canal 2 de televisão. "Nossa ideia é que dezenas de organizações em Israel façam o mesmo, para resolver o problema destas pessoas e o que se gerou na região sul de Tel Aviv, que é realmente um grande problema”.
Nos kibutzim estão recondicionando pequenos apartamentos, anteriormente utilizados tradicionalmente por voluntários, universitários, ou filhos jovens das famílias de seus membros.
Foi construída uma cerca na fronteira sul de Israel, resolvendo o problema dos "infiltrados", impossibilitando a entrada de novos refugiados a Israel, sejam políticos ou imigrantes em busca de trabalho. Aos que já se encontram aqui, deve ser concedida a permissão para permanecer. Muitos desses refugiados formaram famílias em Israel, e seus filhos sentem que Israel é seu lar: falam hebraico, sonham em ir ao exército e à universidade, e não entendem que desejem expulsá-los a um país distante, o que lhes causa medo. Alguns estão em idade de alistar-se, e veem seus amigos em meio a este processo, enquanto esperam a ordem de expulsão ao chegarem aos 18 anos.
É sem fundamento, ridículo e imoral o temor de alguns israelenses de que o país perca sua maioria judaica no caso de absorver algumas dezenas de milhares de refugiados africanos como residentes permanentes. Sequer é necessário dar-lhes cidadania, mas sim status de refugiados, com direitos civis, direito de trabalho, segurança social, educação e etc. De fato, já existem outros grupos com tal status em Israel, como a comunidade de Eritreia. Deve-se destiná-los a regiões de Israel nas quais encontrem trabalho e bem-estar, e não criar bolsões de pobreza, desemprego e delinquência como ocorreu na zona sul de Tel Aviv. Os kibutzim e moshavim, honrando a sua tradição solidária, estão dando uma mostra de que se pode. O Estado deveria, por sua vez, seguir o exemplo dos seus cidadãos.
Marcelo Kisilevski - Publicado na sua página do Facebook no dia 16 de março de 2018.
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Nota do tradutor (João Koatz Miragaya)
Tais imigrantes não possuem o status de refugiados por não serem oriundos de Estados em guerra civil, como os eritreus. São os denominados “refugiados da fome”. O governo israelense decidiu pela expulsão a um terceiro país, reembolsando a cada um deles com 3.500 dólares. O movimento kibutziano decidiu pela absorção de 2.500 refugiados, opondo-se a tal decisão. Vozes de protesto se espalharam pelo país, a principal delas a Associação dos Sobreviventes do Holocausto, afirmando ser imoral a expulsão de refugiados de um país que foi criado justamente com o objetivo de recebê-los.
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Foto de capa retirada de https://www.flickr.com/photos/maygolan/8724780746
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