Fundado em 1984 pelo rabino Ovadia Yossef (ex-rabino chefe de Israel), Shas (ש"ס) é uma sigla que significa “Guardiões da Torá Sefaraditas”. O partido foi fundado 13 anos após tensões recorrentes entre a comunidade judaica sefaradita (judeus de origem oriental) e o governo de Golda Meir (Partido Trabalhista), acusado de negligenciar os judeus orientais em detrimento dos imigrantes vindos da URSS.
As principais bandeiras do Shas são cuidar da população judaica de baixa renda e garantir um Estado judaico em Israel. Nas eleições de 1999, o partido conseguiu a sua mais expressiva votação, com 17 cadeiras na Knesset (parlamento).
Em 2013 o Shas ficou órfão de seu líder espiritual, o rabino Ovadia Yossef, responsável pela maior parte das decisões políticas de grande relevância do partido até então. A morte do rabino pôs o partido em crise, provocando a saída do ex-líder Ely Ishai, e uma queda considerável no número de assentos na Knesset.
O Shas acredita em um Estado judeu baseado nos valores democráticos da Torá.
Figuras de destaque
Aryie Deri, é líder do partido e uma das principais figuras políticas de Israel. Foi preso 14 anos por receber propina quando era o líder do partido, e, mesmo após liberado, se envolveu em outro escândalo de corrupção, cujo acordo com a Justiça o impede de ser ministro. Já foi ministro do Interior e da Saúde.
O advogado Moshe Arbel é ministro do Interior, e já foi ministro da Saúde, cargo que hoje ocupa o também advogado Uriel Buso.
Como a lista é decidida
O Shas tem como órgão interno o Conselho de Sábios da Torá, que decide a ordem dos candidatos sem interferência interna ou externa. Há dez meses a juventude do Shas escreveu uma carta solicitando ao líder do partido a criação de primárias.
Posições do Partido
O Shas publicou sua proposta em 2013, e desde então não a renovou. Hoje, seu site oficial não se encontra acessível. O que o leitor encontrará abaixo é fruto desta proposta.
Religião e Estado
Israel é um Estado judeu, portanto, as instituições públicas estão interligadas no espírito e na lei judaicas. Para o Shas, então, a força interna do país está diretamente ligada à crença no Criador. O partido propõe: construções de yeshivot (academias rabínicas), mikvaot (centros de purificação), e sinagogas em todo o país; liberdade para todas as organizações religiosas; auxílio financeiro do Estado a todas as instituições religiosas;
Política Econômica
O Shas vê a política econômica adotada pelos últimos governos como conservadora e baseada em valores como o liberalismo como nocivo ao Estado, e fonte da desigualdade entre os judeus. O partido propõe uma economia social e “saudável” que gere: distribuição equitativa da riqueza e dos recursos nacionais; reabilitação de uma pensão familiar; metas de emprego e redução da pobreza como objetivo do governo; investimento na infraestrutura nacional para alavancar a economia do país; aumento dos incentivos fiscais para os menos remunerados; assistência para as mães trabalhadoras; e a redução de trabalhadores estrangeiros para proteger os israelenses.
Política Social
O Shas acredita que Israel possa ser um Estado de bem-estar social. Para isso propõe: aumento do salário mínimo em 25%; doações de cestas-básicas para crianças, aposentados, deficientes e necessitados; aprovar uma nova lei que garanta moradia a todos os cidadãos; “bolsa-aluguel para jovens casais e famílias com três ou mais crianças; incentivo à instalação de empresas na periferia; e criação de cestas de saúde.
Territórios e Processo de Paz
Para o Shas, Israel deve se esforçar para viver em paz e segurança com os seus vizinhos árabes a partir de resoluções próprias, ou seja, sem interferência internacional. Para o Shas, Jerusalém não se divide nem tampouco se negocia. Os assentamentos em Judéia e Samária (Cisjordânia) devem seguir sendo desenvolvidos de acordo com decisões da Knesset e do governo atual.
Educação
Para o Shas, a educação é a principal alavanca para a promoção do ser humano, da sociedade e a razão da existência do Estado de Israel. O estudo da Torá deve ser reforçado para todas as crianças, que também devem aprender sobre outras culturas como princípio de tolerância. O Shas propõe equilíbrio de orçamento para todas as escolas; redução do número de alunos em salas de aula; a melhora do status dos professores; educação gratuita desde o jardim de infância até o ensino médio e as yeshivot; alimentação gratuita nas escolas; formação profissional para os alunos homens.
Segurança e exército
Não há posição oficial sobre o tema.
Outras posições
O Shas vê na mulher a espinha dorsal da família, e propõe leis de igualdade de gênero, incentivo à educação e inserção das mulheres no mercado de trabalho.
Fontes
Foto de capa: המכללה האקדמית ספיר
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