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40 anos atrás, a chegada da direita ao poder

Originalmente publicado em 19/05/2017, no Conexão Israel


Há 40 anos acontecia em Israel um “mahapach” (“reviravolta” ou “virada”): depois de 30 anos ininterruptos dos trabalhistas no poder, o Likud, tradicional partido da direita sionista, vencia as eleições e chegava ao poder. Menachem Begin, aos 64 anos, após décadas de uma oposição implacável, tornava-se primeiro-ministro e abandonava seu apartamento de dois quartos em Tel Aviv rumo à Jerusalém. A vitória do Likud representava a queda de uma hegemonia e a chegada dos novos tempos.


Yitzhak Rabin (ele mesmo) renunciou a seu posto como primeiro-ministro no dia sete de abril de 1977, por conta de uma investigação a uma conta bancária no exterior de sua esposa, Leah Rabin, desde que o então primeiro-ministro ocupava o posto de embaixador israelense nos EUA. Uma investigação por imperícia sobre Golda Meir e Moshe Dayan (primeira-ministra e ministro da Defesa de Israel) provocou uma forte crise no Partido Trabalhista, que, somada ao fracasso das políticas (ou da falta de políticas) públicas de inclusão social dos imigrantes judeus oriundos dos países orientais, derrubava a sua popularidade. Begin, cujo status de principal nome da oposição estava consolidado, reforçou sua campanha. A alta inflação e um escândalo de corrupção envolvendo o trabalhista Asher Yadlin ajudaram a derrubar a popularidade do governo.


O Likud repetiu a sua receita básica dos últimos 28 anos: escolheu Menachem Begin como líder do partido. Os trabalhistas, que concorriam novamente em um bloco de centro-esquerda sionista, em conjunto com os socialistas do partido Mapam, optaram pelo jovem (!) Shimon Peres para a sua liderança. Peres era um dos nomes mais fortes da nova geração, e havia sido ministro dos Transportes durante o governo Rabin. Como alternativa ao Likud de direita e o Trabalhista de centro-esquerda, surge um novo partido de centro, o Dash, chefiado pelo ex-trabalhista Yigal Yadin. O Mafdal (nacionalistas-religiosos, atual “A Casa Judaica”), liderados por Yossef Burg, se fortaleceu após a primeira grande dissidência com os trabalhistas ao posicionar-se a favor do direito à construção de assentamentos nos territórios ocupados por Israel na Guerra de 1967. A maré não estava boa para o Partido Trabalhista.


A campanha boca-de-urna já mostrava uma tendência pelo fortalecimento de Begin, mas a precariedade das pesquisas nos anos 1970 não permitia que alguém tivesse segurança de quem venceria as eleições. Era forte a tensão nas ruas de Israel. Até que o âncora do telejornal do Canal 1, Chaim Yavin anunciou sonoramente na televisão estatal israelense: “Senhoras e senhores: uma reviravolta”, provocando festa nas ruas de todo o país. Apoiadores de Begin cantavam, na melodia que eternizou o Rei David, que Begin era o “Rei de Israel”. As cidades mais pobres do país, com alta proporção de judeus orientais (mizrachim) festejavam: chegava o fim dos quase 50 anos de hegemonia trabalhista, que comandava o movimento sionista desde antes da criação do Estado de Israel.


Nos 40 anos que sucederam o “mahapach”, somente em oito anos o primeiro-ministro foi trabalhista, enquanto que o Likud chefiou o Estado por 28 anos. A vitória de Menachem Begin mudou o país para sempre.

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